A indústria foi o setor que mais sentiu o efeito da desaceleração da economia. O recuo da atividade industrial foi influenciado, principalmente, pela queda na construção civil, que gera muito emprego, e da indústria de transformação. Mas, apesar do mau desempenho, algumas empresas conseguiram vencer o pessimismo.
Deu pano pra manga o primeiro trimestre. As encomendas em uma fábrica de malha aumentaram 10% em relação ao mesmo período de 2013. Com a economia brasileira patinando, foi mais do que a fábrica poderia esperar.
Para dar conta das encomendas foi preciso reforçar a mão-de-obra na linha de produção. Foram contratados mais dez funcionários. Também foi feito investimento pesado na compra de máquinas. Oito teares importados da Alemanha custaram à empresa cerca de R$ 6 milhões.
Só que desempenho surpreendente desses três primeiros meses do ano deve contrastar e muito com o resultado do segundo trimestre. Já há sinais nessa direção. De abril a maio, as vendas de tecidos da indústria caíram 7%.
“A gente acha que vai ser um segundo semestre muito atípico, que vai afastar o consumidor das lojas, fazendo com que os nossos clientes vendam menos, e obviamente eles vão fazer menos encomendas”, declara Renato Bitter, proprietário da Savyon Indústrias.
É o que pensa também o presidente de uma das maiores fábricas de plugs e tomadas do país. De lá, saem 600 mil peças por mês. Para chegar a essa marca, a empresa demitiu 80 dos 1.100 funcionários. Também cortou despesas com viagens e marketing.
“Houve um adiantamento de encomendas que acabou beneficiando o nosso primeiro trimestre”, revela Luis Valente, presidente da Steck.
A taxa de investimento recuou para 17,7% do PIB no primeiro trimestre deste ano. Contra 18,2% no mesmo período do ano passado. A queda foi provocada porque muitos empresários adiaram os investimentos em suas empresas.
“O planejamento de 2014 contemplava a compra de novos equipamentos, contratação de novos funcionários, lançamento de novos produtos, e aumento do passo industrial. 30% aconteceu desse planejamento, mas o restante não faremos”, afirma Ana Carolina Gaspar, diretora da Dimcopel.
Fonte: G1, 05 de junho de 2014; fetraconspar.org.br