Empresas da região de Curitiba vai suspender o trabalho nos jogos do Brasil.
Para a empresa, medida ameniza os impactos na produção.
Ir ao estádio e assistir aos jogos da Copa do Mundo ao vivo no próprio país é para poucos. Milhares de brasileiros, assim como em outras edições do Mundial, terão que acompanhar a competição pela televisão e com um complicador para os corações torcedores – em muitas partidas, a equipe brasileira entra em campo em horário comercial. Neste cenário de paixão e responsabilidade, as empresas buscam alternativas para amenizar os impactos na produção e, por que não, agradar os funcionários.
Conforme a Lei da Copa, coube aos estados e as cidades-sede definirem se seria feriado ou estipulado ponto facultativo nos dias de jogos. Entre ignorar as partidas do Brasil ou dispensar os funcionários, a empresa do setor siderúrgico ArcelorMittal Gonvarri Brasil, em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, optou por criar um espaço para que os funcionários assistam aos jogos durante o expediente. A empresa vai colocar cadeiras, montar um telão, e os funcionários ganharão pipoca, algodão e refrigerante.
“O telão é uma forma de compensar o fato de que culturalmente nós brasileiros gostamos de assistir aos jogos com amigos e isto não será possível para os que estarão em horário de trabalho. Além disso, é uma oportunidade para integração entre os funcionários”, disse Paulo Cavalcante do Departamento de Recursos Humanos da empresa.
Além da questão motivacional, a decisão visa também amenizar o impacto na produção. Em vez de dispensar as equipes por um período, perde-se apenas duas horas. A pausa no trabalho será dada 15 minutos antes da bola rolar. A Copa do Mundo estará presente no ambiente de trabalho também nos dias em que a seleção brasileira não entra em campo. A empresa criou uma promoção interna na qual os funcionários poderão palpitar os resultados dos jogos. A ação vai envolver os quase 20 mil funcionários de todas as unidades brasileiras. Cada colaborador terá uma senha para entrar em um site e fazer os palpites. "É mais uma forma de a gente brincar com a Copa, é algo mais lúdicos. Nós vamos dar brindes como copos e mochilhas, conforme a pontuação de cada um. Quem vencer, ganhará um ingresso para assistir à final com um acompanhante", explicou Cavalcante.
Acordos podem evitar problemas
A advogada e coordenadora do Instituto Brasileiro de Governança Trabalhista (IBGTr), Danielle Vicentini Artigas, sugere que as empresas procurem os sindicatos que representam os trabalhadores para firmar acordos coletivos específicos para o período da Copa do Mundo. A ideia é evitar problemas com faltas sem justificativas, embriaguez em ambiente de trabalho e carga horária.
“As empresas, por exemplo, que vão dispensar os empregados para que assistam aos jogos do Brasil em casa, para que a fábrica não fique parada e isso gere um impacto financeiro lá na frente, eu sugiro que faça um acordo coletivo com o sindicato dos trabalhadores para que fique garantida a compensação, sem que o empregador precise pagar hora-extra”, citou Danielle Artigas.
Os acordos coletivos são contratos com status de lei firmados entre a empresa e os funcionários. Não existe uma antecedência mínima para que estes acordos sejam definidos até que as regras entrem em vigor. No caso da Copa do Mundo, portanto, eles podem ser assinados dia 11 de junho, véspera da abertura do Mundial. Por ser bilateral, os funcionários precisam ser ouvidos. “Normalmente, o sindicato vai até a fábrica, vai até a empresa, ouve os empregados - é preciso ter maioria absoluta – e se a maioria concordar, o sindicato dá a chancela”, explicou a advogada.
Danielle Artigas destaca que todas as regras estipuladas devem ser claras e amplamente divulgadas. “Se ocorrer alguma eventualidade, o empregado já sabia previamente como ele deveria agir. Não adianta estabelecer regras e não passar para os empregados, porque deixar no ar pode gerar um passivo trabalhista”.
Bolões
A advogada chama a atenção para a realização de bolões, que são considerados jogos de azar e, portanto, contravenção penal. A situação se torna ainda mais delicada quando os colaboradores utilizam o email corporativo para participar do bolão, expondo o representante legal da empresa a uma investigação criminal.
“No Código Penal, na lei das contravenções penais, diz prisão simples de três meses a um ano. A gente sabe que na prática isso não acontece, mas é uma saia justa para a empresa ter que responder a uma investigação sobre a prática de exploração de jogos de azar em lugar público ao acessível ao público”, afirmou Danielle Artigas. Ela enfatiza que as empresas devem agir para impedir a prática.
Serviço
As medidas que as empresas devem adotar para evitar problemas durante a Copa do Mundo serão a base de um debate que ocorre na Universidade Positivo, em Curitiba.
Mesa de debates - Copa do Mundo – Sua empresa está preparada?
Data: 15 de maio de 2014
Horário: 19h às 22h
Organização: Instituto Brasileiro de Governança Trabalhista (IBGTr)
Valor: R$ 20,00 para associados IBGTr e alunos da Universidade Positivo e R$ 40,00 para demais participantes
Telefone: (41) 3051-1094
email: contato@ibgtr.com.br
Fonte: G1, 16 de maio de 2014; fetraconspar.org.br