Assim como em outras capitais brasileiras, o ato em defesa da operação Lava Jato organizado neste domingo (26) pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e o “Vem Pra Rua”, em Curitiba, teve baixa adesão em comparação com as manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no ano passado. Cerca de 4 mil pessoas, segundo cálculos da Polícia Militar, se mobilizaram para a marcha que começa na praça Santos Andrade e deve percorrer a rua XV de Novembro até a Boca Maldita, neste domingo.
Além da defesa da operação comandada pelo juiz Sérgio Moro, o protesto tinha diversas outras bandeiras, como o fim do foro privilegiado para políticos, críticas à anistia ao caixa dois de campanha e até a revogação do estatudo do desarmamento. Também houve críticas à reforma política e a proposta de voto em lista fechada.
No auge das manifestações pelo afastamento de Dilma Rousseff da presidência, os movimentos chegaram a mobilizar mais de 80 mil pessoas nas ruas da Capital paranaense, no ano passado. Ontem, o juiz Sergio Moro e a Lava Jato dominaram os cartazes na manifestação que começou às 14h30, na Praça Santos Andrade. Gritos de “Moro, Moro” foram ouvidos e cartazes com frases como “Lava Jato, salvação do Brasil” e “A Lava Jato tem que continuar” foram trazidos por manifestantes.
“É uma volta às ruas”, diz Cristiano Roger, coordenador do Curitiba contra a Corrupção, um dos movimentos que participou do ato. Nos carros de som, além dos protestos pelo fim do foro privilegiado e contra o Congresso por tentativas de “abafar” a Operação Lava Jato, os manifestantes pediam “Lula na cadeia”, “fora, comunistas” e prometiam uma “onda verde e amarela” no dia do depoimento de Lula ao juiz Sérgio Moro. “
“Há tanta pauta agora que as pessoas estão confusas; é difuso”, disse Gislaine Masollero, coordenadora do Vem pra Rua no Estado. “Nós estamos dando nosso recado ao poder público. Agora, é um processo de continuidade”, comentou Eder Borges, do MBL
Além dos protestos contra o presidente Michel Temer (PMDB) e o Congresso, em especial contra tentativas de abafar a Lava Jato, manifestantes discursavam nos carros de som contra o “molusco” (referência ao ex-presidente Lula), pediam “fora, sindicatos” e prometiam grande manifestação no dia em que o petista irá depor a Moro, na Justiça Federal do Paraná, no dia 3 de maio. Lula foi um dos principais alvos do protesto, com cartazes exibindo dizeres: “Lula ladrão, teu lugar é na prisão”.
Os manifestantes também fizeram referência, no ato de ontem, a políticos do Paraná implicados na Lava Jato ou aliados do PT, como a senadora Gleisi Hoffmann (PT) e o senador Roberto Requião (PMDB). “Requião, aposenta meu irmão” foi um dos gritos ouvidos durante o protesto. Contra Gleisi, houve a lembrança de que ela teria recebido dinheiro do esquema investigado na operação para sua campanha nas eleições de 2010. Entre os lembrados estava ainda o deputado federal Hidekazu Takayama (PSC), que se posicionou contrário ao projeto das “Dez Medidas contra a corrupção”.