As renegociações de contratos das obras da usina nuclear de Angra 3 entre a Eletronuclear e a construtora Andrade Gutierrez já resultaram na demissão de 500 a 600 trabalhadores. Segundo fontes do mercado próximas ao caso, a estatal e a construtora discutem uma repactuação de cerca de R$ 120 milhões para compensar aumento de custos. Outras mil demissões deverão ser feitas pela construtora nos próximos dias. As dispensas de empregados na construção da usina nuclear foram informadas por Ancelmo Gois, na edição desta quinta-feira do GLOBO.
Antes das demissões, trabalhavam no local cerca de 2.500 operários. A Andrade Gutierrez confirmou, em nota, que está demitindo e que o processo continua em andamento, mas não divulgou números. A empresa justifica o desligamento de funcionários com o aumento de gastos na obra, que atingiram valor superior ao fixado nos contratos. A construtora discute com a Eletronuclear, estatal responsável pela construção e operação da usina, questões referentes ao atraso na obtenção de licenças e documentos e diversos ajustes no projeto para aumentar a segurança, que contribuíram para o aumento de custos.
O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias da Construção Civil de Angra dos Reis e de Paraty (Sticpar) confirmou que, desde o início de maio, 600 trabalhadores foram mandados embora. Os sindicalistas afirmam que estão em conversas com a construtora e tentam falar com a Eletronuclear.
A estatal informou reconhecer parte dos pleitos e que está em negociações para formalizar dois aditamentos aos contratos. A estatal destacou que as demissões antes da conclusão das negociações foram uma decisão unilateral da construtora. As obras para construção de Angra 3 são estimadas em cerca de R$ 13 bilhões. A usina tem previsão de entrada em operação em 2018.
FONTE: O Globo, 09 de maio de 2014; fetraconspar.org.br