Fotos: Gina Mardones - Com redução de 8,1% no preço, a carne deve registrar mais quedas nos próximos meses, em função da boa safra de soja
Com redução de 8,1% no preço, a carne deve registrar mais quedas nos próximos meses, em função da boa safra de soja



A cesta básica de Londrina registrou retração pelo quarto mês consecutivo. A pesquisa de preço realizada em 10 supermercados da cidade na última semana de fevereiro apontou uma queda 1,54% em relação a janeiro. A tendência para os próximos meses é os preços permanecerem estabilizados e, em alguns casos, como o da carne e produtos industrializados à base de soja, podem ter redução. 
O valor médio da cesta ficou em R$ 333,65. Entre novembro e fevereiro, a retração foi de 5,98%. Os grandes destaques foram a carne e a banana. A carne, apesar de ter um impacto de 46% no custo final da cesta, segurou o preço. O produto apresentou uma baixa de 8,1%, em comparação com janeiro, comercializada a R$ 22,04. Em janeiro, o preço médio era de R$ 23,99. 

Por outro lado, a banana disparou. Se em janeiro a fruta tinha caído 38% em relação a dezembro, em fevereiro recuperou a queda e atingiu alta de 40,4%. O feijão (-12,6%) e o tomate (-7,3%) também apresentaram redução significativa nos preços em relação ao mês anterior. Já o leite (7,9%) e a batata (7,3%) impulsionaram a balança para cima. 

A disparada da batata é um fenômenos emblemático. A queda do preço ao produtor fez o agricultor segurar o produto. "O preço estava tão baixo que o agricultor decidiu deixar o produto apodrecer na lavoura", explica o economista Marcos Rambalducci, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UFTPR), um dos coordenadores da pesquisa. 


 

Após cair 38% em janeiro, o preço do quilo da banana disparou no mês passado, ainda como reflexo do clima irregular em 2016
Após cair 38% em janeiro, o preço do quilo da banana disparou no mês passado, ainda como reflexo do clima irregular em 2016

 



Diferenças

Os produtos que apresentaram maior percentual de diferença entre supermercados foram o tomate, encontrado entre um mínimo de R$ 1,79 a um máximo de R$ 4,98 o quilo; a banana, oscilando entre R$ 2,37 e R$ 5,98 o quilo; e a batata, entre R$ 1,09 e R$ 2,39 o quilo. 

A retração em fevereiro surpreende, de acordo com o economista. "Imaginávamos que em fevereiro os preços começariam a ser compostos", disse. A explicação para esse período de queda vem do clima. Rambalducci afirma que a estabilização do regime de chuva, a produção e produtividade vêm colaborando para oferta e procura.

A carne, por exemplo, deve registrar mais quedas nos próximos meses, em função da boa safra de soja. "A carne não deve ser majorada, pois a produção de farelo de soga e milho não deve apresentar problemas. As pastagem também estão se desenvolvendo bem. Então, não há expectativa de aumento da carne", avalia o economista. 

A perspectiva de uma safra recorde de soja também deve estabilizar os preços de produtos industrializados como margarina e óleo de soja. O feijão não tem mais espaço para cair, segundo Rambalducci. O tomate, com o fim da safra em São Paulo, pode sofrer uma elevação, assim como o leite. A banana, grande vilã de fevereiro, tende a cair. 

 




BATER PERNA

o aposentado João Baptista Schiavon, de 76 anos, percorre de três a quatro supermercados pesquisando os preços, e compra cada produto onde está mais barato. Quem tem a disposição dele pode economizar até 26% no valor da cesta básica. 

Segundo a pesquisa, se o consumidor adquirir os produtos de menor valor em cada um dos supermercados pesquisados, o preço final da mesma cesta seria de R$ 247,04. No entanto, na situação inversa, se adquirir todos os produtos no supermercado com maiores preços, a mesma cesta custará R$ 385,21, gastando, portanto, 15,5% a mais sobre o valor médio. 

O aposentado percebe a queda nos preços, mas ainda considera que estão muito alto. "Quem tem tempo como eu consegue pegar os produtos mais baratos, mas está tudo muito caro", avalia. Sempre que pode, a aposentada Edna Rodrigues da Costa, 69 anos, acompanha as promoções dos supermercados para comprar frutas. "Eu só compro mamão e banana e tem aumentado muito. Quando dá tempo eu procuro os lugares mais baratos. Senão tem que comprar no mercado perto de casa", comenta. 

A aposentada Irene Oliveira Chaves, de 82 anos, também aposta em pesquisa, mas afirma que não percebe no seu dia a dia a queda nos preços. "Cada vez que você vem no mercado aumentou R$ 1. Tudo está aumentando todo dia", reclama.
 


Fonte: Folha de Londrina, 02 de março de 2017fetraconspar.org.br