Para ministro da Fazenda, crédito para consumo está escasso no Brasil.
Tributo sobre intemediação financeira é alto no país, diz Trabuco, da CNF.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira (29) que o Brasil, que cresceu 2,3% em 2013 e deverá ter crescimento parecido neste ano, terá um aumento maior do mercado interno quando o crédito para o consumo retornar mais intensamente.
Segundo Mantega, o crédito para o consumo está "escasso" no Brasil. A crítica não é nova. No fim do ano passado, ele já havia afirmado que o país tem crescido com "duas pernas mancas", sendo uma delas o financiamento escasso ao consumo e, a outra, a crise financeira internacional.
"Tão logo seja reimplantado [o crédito para o consumo], teremos um avanço melhor do mercado interno. Temos de ocupar mais o mercado externo. Temos de continuar mantendo a geração de emprego e o estado de bem estar que está implantado", afirmou Mantega nesta terça-feira, durante o seminário "Brasil Novo", organizado pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
O ministro declarou, ainda, que a prioridade "número um" do governo é aumentar investimentos em infraesturura, construção civil, habitações, estradas e energia elétrica, além de petróleo e gás, setores "estratégicos" da economia brasileira. "Aumentar o volume dos investimentos para aumentar essa oferta para a qual já existe uma demanda assegurada. É um bom negócio investir", disse.
Representante dos bancos
Também presente ao seminário no Congresso Nacional, o presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), Luiz Carlos Trabuco Cappi, também presidente do Bradesco, negou que haja escassez de crédito no Brasil, embora também tenha avaliado que ainda há um "espaço muito forte" para crescimento dos empréstimos no Brasil. Ele também aproveitou para criticar a carga tributária incidente sobre estas operações.
"Não existe escassez de crédito. Mesmo nos balanços publicados, crédito ano a ano tem crescido acima de 10%. Temos um PIB potencial e o crédito vai crescer na proporção em que haja demanda das pessoas físicas e das empresas. A cunha fiscal, os impostos diretos e indiretos, na concessão [do crédito], responde por grande parte do custo do crédito, do 'spread' no Brasill", afirmou Trabuco a jornalistas.
O representante do sistema financeiro avaliou que os tributos respondem por um terço do "spread" no Brasil - que é a diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram dos seus clientes em termos de taxas de juros. Além dos tributos, o spread também é composto por outros itens, como, por exemplo, pelo lucro dos bancos e pela taxa de inadimplência.
Questionado se o lucro dos bancos não seria reponsável também pelo alto nível do spread bancário no Brasil, Trabuco afirmou que a rentabilidade das instituições financeiras está relacionada com outros fatores. "Os bancos no Brasil são eficientes, são bastante informatizados, gastam milhões de reais em informatização, mantêm uma rede muito forte, tem escala e um 'mix' de produtos. O lucro se deve à eficiência que eles têm", declarou.
Fonte: G1, 30 de abril de 2014; fetraconspar.org.br