por José Marcos Lopes



Com dinheiro curto e menos tempo no horário eleitoral da TV, neste ano as campanhas apostam na internet para espalhar suas mensagens e ganhar votos. Perfis em redes sociais, sites e WhatsApp são as grandes esperanças para atingir um grande número de eleitores. Especialistas alertam, no entanto, que essa estratégia tem um risco: as campanhas falarem apenas para seus eleitores, sem chegarem a um grande público. Para atingir eleitores indecisos, as campanhas precisam “furar a bolha” na internet e não falar apenas para eleitores que já definaram seus candidatos.


O problema da rede social mais acessada no Brasil, o Facebook, é o seu algoritmo, que foi alterado novamente em junho deste ano para privilegiar postagens de contatos mais próximos. Isso significa que, quanto mais um internauta “curte” as postagens de um perfil ou página, mais esse usuário ou página aparece em seu “feed de notícias”. Páginas e perfis que ganham poucas curtidas acabam “sumindo” do feed - aí que entra o risco para os candidatos: falar apenas para os “convertidos”, que já definiram seus votos. A estratégia do Facebook é fazer empresas pagarem para seus posts aparecerem para um público maior. No caso de candidaturas, os posts pagos são proibidos pela lei eleitoral.


Para Diniz Fiori, consultor e especialista em Marketing, as campanhas terão resultado em uma plataforma como o Facebook se os eleitores compartilharem as postagens de seus candidatos. Se as publicações ficarem limitadas a um público já convertido, o efeito é praticamente nulo. “A vantagem das redes sociais é o compartilhamento, que pode atingir um universo muito grande de pessoas. Chega um ponto em que a bolha estoura, e praticamente a um custo zero”, diz o professor da Universidade Estácio de Sá, em Curitiba.



Grande mídia


O cientista político e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) Mário Sérgio Lepre avalia que os meios “tradicionais” de campanha - como o horário eleitoral e debates na TV - farão com que a “bolha estoure” naturalmente. “A TV vai repercutir na internet. A pessoa pode não assistir ao programa eleitoral, mas verá a repercussão na internet”, afirma. Para ele, a internet poderá reforçar características durante a campanha - tanto as positivas quanto as negativas. “A internet pode exacerbar alguma característica, para o bem ou para o mal. Um ‘meme’ que ‘viralizar’ poderá potencializar desgastes e potencializar algo que não era conhecido do eleitor”.



WhatsApp


Disseminado pelo país, o aplicativo WhatsApp promete entrar de vez para o rol de ferramentas eleitorais neste ano. E traz um risco, pois é um terreno fértil para ataques e a propagação de informações falsas. Por isso, o eleitor deve ficar atento: por lei, qualquer pessoa pode solicitar o desligamento da lista de contatos; a propaganda não pode ser feita por pessoas jurídicas ou órgãos públicos; e as listas de contatos não podem ser comercializadas.


Qualquer irregularidade pode ser denunciada por meio de um dos aplicativos disponíveis para estas eleições, no site do Tribunal Superior Eleitoral, no endereço . Outra opção é o aplicativo da OAB-PR, disponível no iTunes e no Google Play. As denúncias podem ser anônimas.




Fonte: Bem Paraná, 22 de agosto de 2016fetraconspar.org.br