Por Ivan Santos
As crises política e econômica que atingem o País e aumentam a decepção do eleitorado ameaçam fazer “explodir” o número de votos em branco e nulo nas eleições para prefeito e vereador deste ano. Esse cenário ficou evidente na primeira pequisa sobre a eleição para a prefeitura de Curitiba, divulgada no último dia 11, no qual praticamente um terço dos eleitores, ou um em cada três entrevistados, não indicou nenhum dos candidatos à sucessão do prefeito Gustavo Fruet (PDT).
Segundo o levantamento do Ibope, 20% dos 805 ouvidos declararam a intenção de anular o voto ou votar em branco. E outros 9% não souberam ou não quiseram opinar, totalizando 29% de eleitores que não têm ou não pretendem adotar nenhuma candidatura na disputa pelo comando da Capital.
Esses índices são mais de três vezes superiores ao registrado no primeiro turno da última eleição municipal, em 2012, quando 5,26% dos eleitores que foram às urnas na cidade anularam seus votos, e outros 3,27% votaram em branco.
Levando-se em conta o resultado do Ibope, se a opção de voto nulo ou em branco fosse um “candidato”, ele estaria entre os líderes da disputa. Isso porque segundo o instituto, três concorrentes estão triplamente empatados tecnicamente na preferência do eleitorado, considerando-se a margem de erro de três pontos porcentuais para mais ou para menos: Rafael Greca (PMN), com 21% das citações; Fruet com 18% e o deputado estadual Maurício Requião Filho (PMDB), com 16%. Isso significa que a parcela do eleitorado que pretende anular ou votar em branco é praticamente a mesma que a opta por Greca, e levemente superior aos eleitores do atual prefeito e do deputado do PMDB, filho do senador Roberto Requião. E superior a todos os demais concorrentes: os pré-candidatos os pré-candidatos Ney Leprevost (PSD), com 5%; Luciano Pizzatto (PRTB), Maria Victória (PP) e Tadeu Veneri (PT) com 3%; e Paulo Martins (PSDB) com 2%.
Os efeitos da crise de credibilidade da política brasileira motivada pelos constantes escândalos de corrupção, em especial o investigado pela operação Lava Jato, que resultou no afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT), e se agravou com o aumento do desemprego e da inflação se refletem ainda nos baixos índices de aprovação e alta rejeição dos políticos com mandato. Entre os pré-candidatos à prefeitura curitibana, Requião Filho, com 37% e Fruet com 32% são rejeitados por mais de um terço dos eleitores. A deputada estadual Maria Victória (PP), com 22%, Greca com 21%, Leprevost (17%), Pizzatto e Veneri (15% e Paulo Martins (10%) tem maiores índices de rejeição do que de intenção de voto.
O Ibope entrevistou 805 eleitores entre os dias 2 e 6 de julho. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. Encomendada pela Rádio e Televisão Iguaçu S.A / Rede Massa, a pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral de Curitiba sob o protocolo n º PR05852/2016. O nível de confiança do levantamento é de 95%.