Pesquisa aponta que reincidência diminuiu em 2013 sobre 2012, mas ainda é alta

 
 
 
 
 
 
Mais de um terço dos consumidores que colocaram a cabeça no travesseiro à noite tranquilamente, depois de quitar todas as dívidas atrasadas, voltaram a conviver com a preocupação da inadimplência. Pesquisa do Serasa Experian divulgada neste mês aponta que 36,6% dos brasileiros que ficaram com nome sujo em 2013 são reincidentes. 
 
Ainda que a fatia de pessoas nessa situação tenha diminuído desde os 39,4% de 2011, economistas afirmam que a demanda das famílias continua a ser maior do que a renda, mesmo com o crescimento real médio dos salários nos últimos anos. Aliada à oferta de crédito fácil e à educação financeira falha do trabalhador, o saldo de pessoas que entraram no cadastro de inadimplentes somente no ano passado e não conseguiram sair fechou em 5,9 milhões no País, segundo o Serasa. 
 
O delegado em Londrina do Conselho Regional de Economia (Corecon), Laércio Rodrigues de Oliveira, diz que, antes de mais nada, é preciso entender que o salário médio do brasileiro tem crescido nos últimos anos, mas está abaixo do ideal. "As necessidades das famílias ainda são maiores do que a renda", afirma. Por isso, considera mais importante a informação de que a reincidência de inadimplentes tem caído nos últimos anos. 
 
Das pessoas que entraram na base de dados do Serasa Experian em 2013, 17,6 milhões quitaram as dívidas e limparam o nome, número 2,17% maior do que os 17,3 milhões de 2012. O número também é maior do que em 2011, quando foi de 16,9 milhões. 
 
Oliveira explica que a proliferação do emprego formal aumenta o acesso a empréstimos e compras parceladas. "Temos uma nova classe média entrando no mercado que não estava habituada a tanto crédito", diz o delegado do Corecon, que faz a ressalva de que ter pouca habilidade financeira não é exclusividade do consumidor de baixa renda. 
 
Conforme dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego da população economicamente ativa caiu de 6,7% em 2010 para 5,4% em 2013. Nos quatro anos do período, houve aumento consecutivo do rendimento real do trabalhador de 3,8%, 2,7%, 4,1% e 1,9%. 
 
Educação

Para o professor de economia e do projeto de extensão Finanças Domésticas Sustentáveis da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Antônio Zotarelli, pessoas que conseguem limpar o nome acabam por voltar a ter contas atrasadas porque não ocorre uma reeducação. "É igual quando se faz um regime. A pessoa perde alguns quilos, passa a se sentir confortável e volta a comer como fazia quando estava acima do peso." 

 

Como a pessoa não aprendeu a se controlar, ele considera fácil ceder aos impulsos. "Um dos aspectos principais na educação financeira é criar um projeto de vida, porque, se não for assim, a pessoa não se organiza e acaba levada por alguma compulsão", diz Zotarelli.

 

 

 

Fonte: Folha de Londrina, 24 de março de 2014; www.fetraconspar.org.br