Saldo do Caged do ensino privado é de 532 vagas no primeiro bimestre, contra 351 do mesmo período do ano passado
A julgar pelos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, o subsetor de ensino privado, que pertence ao setor de serviços, não foi afetado pela crise em Londrina. No primeiro bimestre deste ano, as escolas particulares apresentaram um saldo (número de contratações menos o número de demissões) positivo em 532 empregos. O número é 51% maior que o do mesmo período do ano passado, quando foram geradas 351 vagas. Segundo o Caged, o subsetor emprega 9,6 mil pessoas na cidade.
"A educação particular como o agronegócio está em plena expansão. A greve das escolas estaduais fez muita gente migrar para a rede privada", afirma André Cunha, presidente do Sindicato dos Professores das Escolas Particulares (Sinpro). De acordo com ele, a rotatividade de professores e funcionários nesses estabelecimentos vem se mantendo estável. "Realmente, a empregabilidade continua boa no ensino privado tanto nas maiores como nas menores escolas", declara.
Já o presidente do sindicato patronal do ensino particular (Sinep), Alderi Ferraresi, não vê motivos para a expansão de vagas nos ensinos infantil e fundamental. "Imaginamos que esse aumento de vagas se encontra mais no ensino superior, tanto no presencial como à distância", afirma.
Dona da Maple Bear Canadian School, escola bilíngue criada em Londrina em 2013, Andrea Pizaia Ornellas não sentiu a crise, pelo menos por enquanto. Ao contrário: decidiu expandir suas atividades para além do ensino infantil. A escola foi responsável por pelo menos quatro novas vagas de professores criadas no início deste ano. "Entramos no ensino fundamental, implantando o primeiro e o segundo anos", conta. Para ela, o diferencial de oferecer ensino bilíngue pode explicar o fato de a escola passar ao largo da crise.
O grupo educacional Kroton, dono da Unopar, também teve um desempenho positivo em Londrina. Segundo a assessoria de comunicação, a empresa teve participação em 20% das 351 vagas geradas no setor no ano passado. "Em 2016, até o momento participamos de 12% das vagas abertas no município.
Comparando com a média do primeiro trimestre de 2015 tivemos um crescimento de 250% nas vagas", afirmou a Kroton.
Mas não é todo o setor de serviços que mantém a empregabilidade. O subsetor de comércio e administração de imóveis, valores mobiliário, e serviços técnicos – que inclui empresas de contabilidade - reduziu a oferta de vagas em 94% no primeiro bimestre deste ano. O saldo de empregos do subsetor foi de 2.221 vagas em janeiro e fevereiro do ano passado e de apenas 129 no mesmo período de 2016. "As empresas de contabilidade ainda não fizeram demissões em massa", afirma o presidente do Sescap, Jaime Cardoso.
De acordo com ele, os escritórios de contabilidade vivem uma situação difícil porque as empresas clientes foram muito afetadas pela crise. "Há muita inadimplência. Mas nós não conseguimos cortar funcionários porque, mesmo em crise, os serviços demandados pelos clientes continuam iguais. Em alguns casos até aumentam", alega. Cardoso dá um exemplo: "Com a crise, muita gente deixou de encher o tanque nos postos de combustíveis, passando a fazer vários abastecimentos durante a semana. O posto então acaba gerando mais notas fiscais", explica.
Dos 12 subsetores da indústria da transformação definidos pelo Caged, nove apresentaram saldo negativo de emprego no primeiro bimestre deste ano em Londrina. Um dos que mais empregam, o da indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos apresentou saldo de emprego negativo em 275 vagas no primeiro bimestre deste ano, contra um saldo positivo de 184 no mesmo período do ano passado (queda de 250%).
"É aterrorizante a situação", afirma o presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Valter Orsi. De acordo com ele, o setor depende de planejamento e muito investimento. "Está todo muito postergando os projetos por causa da crise política. Enquanto não houver uma solução neste campo eles ficarão engavetados", declara. Na indústria dele, do subsetor de metalurgia, o quadro de pessoal hoje é 30% menor que o do ano passado.
Fonte: Folha de Londrina, 28 de março de 2016; fetraconspar.org.br