por Dimmi AMora
A permissão para serrarias cortarem madeira de alta qualidade no país será reduzida em 20%. A medida foi aprovada pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e terá prazo de um ano para ser implementada.
Os órgãos ambientais pediram a medida para reduzir as fraudes nessas autorizações que movimentam, nos cálculos do Ibama, um mercado ilegal de madeira estimado em R$ 500 milhões ao ano. A indústria de serraria havia pedido adiamento da medida, considerando que ela poderá restringir o mercado, aumentando preços.
O Ibama pediu a redução de 45% para 35% o percentual máximo permitido para o corte da madeira de alta qualidade de cada tora obtida pela serraria. Não há mudança em relação à parte que sobra da madeira, que as serrarias podem usar para fazer objetos de menor valor.
Para basear o pedido, o Ibama reuniu dados de cerca de 2.600 serrarias ao longo de 20 anos e mostrou que a média de aproveitamento da madeira no país é de 34%. Outro número mostrou que, de 600 mil registros feitos nos sistemas oficiais de produção de madeira de primeira, 99,12% ficaram entre 44% e 45% de aproveitamento da madeira, o que foi considerado impossível estatisticamente.
O que ocorria na prática é que os dez pontos percentuais além da média estavam servindo para "esquentar" madeira obtida de toras sem o registro. Pelo menos duas operações no Pará em 2015 flagraram a emissão das autorizações para toras obtidas ilegalmente com essa sobra.
A estimativa do Ibama é que, com a redução do limite automático, seja possível retirar as autorizações para o transporte de 30 mil caminhões de madeira por ano, o que equivale a um milhão de metros cúbicos de madeira em tora ou 9.000 hectares de floresta derrubadas.
O assunto vem sendo discutido desde 2015 e estava pronto para ser votado em fevereiro, mas a pressão da indústria fez o Conama adiar a decisão. Reuniões tensas entre representantes do governo e dos madeireiros foram realizadas na semana passada em Brasília, mas a medida acabou sendo aprovada.
Segundo Gleison Tagliari, presidente do Sindicato dos Madeireiros do Extremo Norte de Mato Grosso, a indústria legalizada entende que a medida é necessária para evitar o comércio ilegal que tornar a concorrência difícil.
Mas, segundo ele, a medida foi tomada antes de ter sido solucionado um problema anterior: o prazo e a forma como as indústrias conseguem autorizações para cortar além do limite automático.
Fonte: Folha de S.Paulo, 17/03/2016; fetraconspar.org.br