As lojas de materiais de construção venderam 8% menos em janeiro do que em dezembro do ano passado, segundo balanço divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisas da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). Porém, mais do que a crise econômica, as fortes chuvas que atingiram boa parte do País no mês são apontadas como motivo para a redução nas vendas.
Em relação a janeiro de 2015, a queda nacional foi de 6%, o menor em cinco anos. Não há números oficiais em Londrina, mas comerciantes ouvidos pela FOLHA afirmam que houve crescimento no mercado em janeiro na cidade, por motivo inverso, já que a chuva compareceu quase que diariamente à região em dezembro. "Chuva não combina com reforma ou construção. Por outro lado, assim que o tempo melhora, os estragos causados, sejam por infiltrações, por telhas quebradas ou etecetera, precisam ser reparados e isso gerará uma demanda para o setor", diz o presidente da Anamaco, Cláudio Conz.
Apesar de ressalvas em relação ao cenário econômico nebuloso, Conz afirma que a estimativa para o setor neste ano seja de crescimento de 6%. O varejo vem de um ano negativo em 5,8% e a expectativa é de retomar as vendas a partir do início do segundo trimestre.
No levantamento por regiões, a pesquisa aponta que o Nordeste teve o maior recuo em janeiro, com 20%, seguido pelo Norte, com 19%. Na sequência aparecem Centro-Oeste (-10%), Sul (-7%) e Sudeste (-2%). Por porte de estrutura física, houve perdas de desempenho de 3% nas grandes lojas, de 7% nas médias e de 11% nas pequenas.
PERSPECTIVAS
Há, contudo, um avanço do otimismo entre comerciantes. Se 54% ainda estão pessimistas sobre ações do governo para movimentar a economia, a quantidade de empresários do setor que esperam melhores resultados foi de 18% para 22%. Ainda, 40% dos entrevistados esperam recuperar parte das vendas já em fevereiro, mesmo que o mês seja mais curto e tenha mais feriados. "Os revendedores estão otimistas de que vamos iniciar o ano logo após o Carnaval, de maneira a equilibrar, já no primeiro trimestre do ano, as vendas em relação a 2015", declara Conz.
O sentimento é semelhante em Londrina. A proprietária do Depósito São Marcos, Luciney Souza, afirma que janeiro foi muito superior em vendas à média dos quatro meses anteriores. "O fim de ano foi atípico, com queda de vendas pela questão econômica e pelo excesso de chuvas, mas estou bastante otimista, ainda que com os pés no chão, de que atrairemos mais clientes com novas estratégias de venda", diz. Ela cita que todos os lojistas devem buscar um melhor relacionamento com os clientes, fazer promoções e criar estratégias de marketing para manter o mercado aquecido.
Para a proprietária do Depósito Casa Grande, Sonia Roque Martins, as vendas em janeiro foram até 10% maiores do que nos três meses anteriores. "Fechei por dez dias em dezembro para férias coletivas, mas o resultado já vinha ruim. Claro que não podemos comparar com os melhores meses que já tivemos, que foram pontuais, mas 2015 foi um ano difícil e, se continuar assim, não terei do que reclamar em 2016."
Sonia considera que parte das vendas do mês podem ser resultado do represamento causado pelas chuvas de dezembro na cidade. "Mas acho que já melhorou, porque vemos algumas lojas procurando funcionários para contratar e isso é sinal de maior movimento."
Fonte: Folha de Londrina, 04 de fevereiro de 2016; fetraconspar.org.br