"O que você quer apoiar?" A pergunta feita pela secretária executiva Fabíola Zerbini, do instituto de certificação Forest Stewardship Council (FSC), um dos mais atuantes no Brasil, pretende instigar o consumidor. Na opinião dela, somos todos corresponsáveis pela origem dos produtos que consumimos, portanto, devemos nos questionar sobre nossos valores de consumo. Para Fabíola, a motivação dos brasileiros para aquisição de produtos ambientalmente corretos ainda é muito individualista.
"Posso dizer que a preocupação no Brasil tem a ver com a sua saúde, como na preferência do consumidor por produtos orgânicos. Queremos ampliar esse conceito para pensar na coletividade, em questões sociais e ambientais", explica. Pesquisa divulgada recentemente pela Tetra Pak - fabricante de embalagens cartonadas para alimentos - mostra que a ampliação desse conceito vem acontecendo. Segundo o levantamento, feito com consumidores de 13 países para medir a sustentabilidade na hora da compra, os brasileiros estão mais conscientes e tomando atitudes que ajudam a preservar o meio ambiente.
A pesquisa ouviu mais de 7 mil consumidores, do Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Bélgica, Holanda, África do Sul, Turquia, Índia, Rússia, China e Japão, além de representantes da indústria de alimentos e bebidas, dos governos e formadores de opinião. E os melhores resultados apareceram em países em desenvolvimento, como o Brasil, onde 32% dos consumidores consideram a preservação do meio ambiente como um indicador de qualidade de vida. Nos países desenvolvidos são apenas 12%.
O diretor de Meio Ambiente da Tetra Pak, Fernando von Zuben, diz que o Brasil acumula melhorias na pesquisa, realizada a cada dois anos. "Um ponto que chama a atenção é a disposição do consumidor em separar lixo reciclável. Em 2009 era 66%; em 2013, 86%", exemplifica. Para von Zuben, maior acesso à educação e a grande discussão nacional sobre destinação de resíduos sólidos colaboraram para o resultado expressivo.
As embalagens cartonadas, hoje presentes em diversos produtos além do leite longa vida – como sucos, achocolatados e grãos – revelaram-se a preferência dos consumidores brasileiros. Segundo von Zuben, o mercado dessas embalagens vem crescendo desde 1990, trazendo o item segurança alimentar à pauta de consumo. Para o diretor, incentivo governamental também é essencial para disseminar boas práticas de consumo. "Percebemos que o consumidor brasileiro tem grande consciência ambiental, mas isso não se reflete em políticas públicas", avalia.