O representante comercial Claudemir Felipe estava ontem em uma concessionária de Londrina para negociar a troca de um modelo usado por um novo e mais caro. Para ele, o maior problema do País no momento não é a crise econômica, mas a política, que tira a confiança do consumidor. "Isso é da cultura do brasileiro, que ouve um zum-zum-zum na política e se segura para não gastar dinheiro, com medo do futuro."
Revendedor de cosméticos e perfumes, ele reconhece que alguns segmentos sentiram menos a crise econômica. "Troco de carro todo ano, basicamente, mas sempre dando o usado no negócio. Caso contrário, ficaria difícil", completa.
O gerente comercial Cláudio Roberto Felismino, da Fiat Marajó, tem opinião semelhante. "A facilidade na oferta de crédito até 2014 ajudou a classe C, que não estava acostumada a comprar carro 0 km, a entrar nesse mercado, e as montadoras perderam esse cliente no ano passado", diz. "O momento é até mais interessante para quem compra pela chance de negociar, basta ter confiança."
Pesados
No País, os emplacamentos de veículos pesados caíram de 169,0 mil em 2014 para 92,1 mil no ano passado, ou queda de 45,5%. No Paraná, o tombo de 15,1 mil a 7,5 mil entre os dois anos significou a metade das vendas. O economista Roberto Zurcher, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), lembra que incentivos fiscais e de juros facilitaram a renovação de frota nos últimos anos, mas que a crise é o maior freio das vendas. "O Brasil transporta a maior parte da produção em caminhões, e com o País parado, o consumo teria mesmo de cair." (F.G.)
Fonte: Folha de Londrina, 07 de janeiro de 2016; fetraconspar.org.br