O ex-presidente nacional do PSB Roberto Amaral defende que a luta contra o golpe, sob o disfarce jurídico de impeachment, precisa neste momento contar com mais forças do que as que se situam no chamado “campo da esquerda”.

 

 

Ministro de Ciência e Tecnologia no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, de janeiro de 2003 a janeiro de 2004, Amaral menciona os nomes de Luiz Carlos Bresser-Pereira, Fábio Konder Comparato e Marcello Lavenère (autor do pedido de impeachment contra Fernando Collor) como exemplos de aliados importantes na ampliação das forças contra o impeachment.

 

 

Para Amaral, a carta de Michel Temer à presidenta Dilma Rousseff, que supostamente “vazou” e teria surpreendido até mesmo membros da cúpula do PMDB, segundo notícias veiculadas pela imprensa, “é um álibi apenas, para justificar as ações dele”.

 

 

O sr. acha que a unidade entre setores da esquerda pode estar sendo alcançada contra o golpe?

 

 

Começa que eu tenho uma divergência quanto a essa afirmação. O que nós precisamos não é da unidade das esquerdas, é da unidade das forças democráticas. As esquerdas sempre estiveram unidas. O problema não é a esquerda, o problema é ampliar nosso campo, atraindo para a defesa da legalidade todos os liberais e democratas. Pessoas como Luiz Carlos Bresser-Pereira, Fábio Konder Comparato, Marcelo Lavenére. Foi assim que fizemos a resistência à ditadura: precisamos ampliar. A esquerda com a esquerda não acrescenta nada.

 

 

Mas as duas frentes, Brasil Popular e Povo sem Medo, reuniram-se ontem em busca de uma agenda e estratégia comuns...

 

 

A posição da Frente Brasil Popular é pela unidade de todas as forças que estejam dispostas a lutar pela legalidade. Ontem, à noite, nos reunimos com essa nova frente (Brasil sem Medo), mas isso não quer dizer que a gente tenha que ficar nisso. Tem que ampliar. Inclusive aprovamos ontem fazer uma grande reunião, que possivelmente será em Brasília, com as forças democráticas e liberais que não são do campo da esquerda, mas estão dispostas a defender o mandato da presidente. As reuniões com a esquerda são para ajustar ações.

 

 

Como o sr. avalia o papel da Marina Silva, que tem dado declarações ambíguas, ora se dizendo contra o impeachment, ora afirmando ser a favor da “anulação” do processo eleitoral da presidenta e do vice?

 

 

Você fez a pergunta respondendo. A posição dela é ambígua. No entanto, nós devemos conversar com ela. Devemos conversar com todas as forças.

 

 

Como o sr. analisa a carta do Michel Temer?

 

 

A carta, do meu ponto de vista, é um álibi apenas, para justificar as ações dele. Na verdade, ele foi pego de calças curtas. O comportamento dele é o de quem transita da ambiguidade para a deslealdade e ele encontrou nessa carta um instrumento para justificar os feitos atrás e principalmente o que vai fazer daqui para a frente. Espero que não tenha sido surpresa para o Planalto.

 

 

Segundo a imprensa, teria surpreendido inclusive lideranças do PMDB

 

 

Não creio.

 

 

 

FONTE: Rede Brasil Atual, 09 de dezembro de 2015; fetraconspar.org.br