Vice-prefeita deixa secretaria depois de partido anunciar candidatura própria
A vice-prefeita de Curitiba, Mirian Gonçalves (PT), pediu ontem demissão do comando da Secretaria Municipal do Trabalho e Emprego. Ela alegou que tomou a decisão por “coerência”, já que no último final de semana, o Diretório do PT de Curitiba decidiu lançar candidato próprio à sucessão do prefeito Gustavo Fruet (PDT), nas eleições de 2016. A decisão confirma o “desembarque” do partido da gestão Fruet, que já vinha se desenhando desde o agravamento da crise vivida pela sigla.
“Manterei uma boa relação e de cordialidade como sempre tive com o Prefeito Gustavo Fruet”, afirmou a vice-prefeita, em nota distribuída ontem à imprensa. Fruet também comentou a decisão da vice, destacando o “reconhecimento” do trabalho dela na secretaria. “Durante esse período, as políticas públicas de inclusão no mercado de trabalho foram desenvolvidas com êxito. Acima das questões político-partidárias está uma relação de respeito”, afirmou o prefeito. O nome do substituto no comando da Secretaria será definido e divulgado nos próximos dias.
Outros dois integrantes do PT que ocupam cargos no primeiro escalão da prefeitura deixaram o partido: a secretária da Mulher e ex-vereadora Roseli Isidoro – que se filiou ao PDT de Fruet; e o presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Marcos Cordioli.
O afastamento do PT da gestão da Capital já era esperado desde que o partido foi atingido pela operação Lava Jato – que investiga um esquema de corrupção na Petrobras. Apesar de nunca ter feito publicamente críticas à legenda, que o apoiou em 2012, garantindo-lhe tempo na propaganda de rádio e televisão, o prefeito também não demonstrava intenção de continuar contando com a legenda - que sofre alta rejeição entre o eleitorado curitibano.
Sinalização
Na semana passada, a senadora e ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), sinalizou o “desembarque” ao divulgar artigo no qual admitia a tendência da sigla de lançar candidato próprio à sucessão municipal. A intenção foi confirmada pelo líder da bancada de oposição ao governo Beto Richa (PSDB) na Assembleia Legislativa, deputado estadual Tadeu Veneri, apontado como nome mais forte para ser o candidato da legenda à prefeitura no ano que vem. Na ocasião, ambos apontaram que o prefeito não demonstrou interesse em repetir a aliança no ano que vem, e que a legenda não pode ficar à espera de uma decisão do pedetista. “Não posso deixar de registrar que o prefeito e seu partido, o PDT, não demonstraram, até este momento, vontade política de permanecer em aliança. Nenhuma conversa, nenhuma proposição”, comentou Gleisi.
Apesar disso, o PT afirma que continuará apoiando a atual gestão, e não adotará uma postura de oposição. A alegação das lideranças da legenda é que a candidatura própria a prefeito é necessária para garantir um palanque para que o partido possa se defender durante a campanha, dos ataques sistemáticos que vem recebendo em razão dos escândalos de corrupção.
Fonte: Bem Paraná, 02 de dezembro de 2015; fetraconspar.org.br