Comerciantes apostam no pagamento do 13º salário e na tradição de reformar casa para festas natalinas para diminuir perda de lucratividade em relação a 2014

 

Anderson Coelho
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Os lojistas de materiais de construção de Londrina esperam que o pagamento do 13º salário e as tradicionais reformas de fim de ano deem um impulso às vendas neste ano. A crise econômica e a desaceleração do setor no País fizeram com que o faturamento deflacionado da indústria da construção tivesse queda de 12,3% entre janeiro e outubro, na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria dos Materiais de Construção (Abramat). 

A redução foi de 17,7% em outubro em relação ao mesmo mês de 2014, o que também dá esperança aos revendedores de que o consumidor tenha guardado o consumo de materiais para os últimos meses de 2015. Ainda o presidente da Abramat, Walter Cover, afirma que os números não surpreenderam porque as vendas no décimo mês do ano passado foram excepcionalmente altas. Por isso, acredita que a queda no faturamento não deve ser ampliada nos próximos meses, com resultados mais equilibrados. 

Parte do otimismo se deve ao fato de os negócios em outubro registrarem ampliação de 5,5% em relação a setembro. Para a presidente da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção (Acomac) em Londrina, Sandra Batista do Nascimento, a crise assustou o mercado, mas acabou por não ser tão ruim como esperado. "Não estamos vendendo tanto como em 2014 e não conseguimos repassar toda a alta nos custos, mas não vejo tantas dispensas de funcionários por isso", explica. 

Apesar da falta de informações regionais, o nível de emprego no setor do País somou 4,9% de janeiro a outubro, ante o acumulado do período em 2014. "Como as vendas caíram, a margem diminuiu e as lojas começaram a fazer promoções para fechar o caixa do mês. Isso fez com que diminuísse o preço em todo o mercado e alguns estão em dificuldades, mas temos de trabalhar mais, ver o que dá para melhorar e não ficar só reclamando", diz Sandra. 

A proprietária do Depósito São Marcos, Luciney Souza, considera novembro e dezembro como os melhores meses do ano para o setor. "Apostamos que as vendas serão melhores do que nos meses anteriores, mas todos temos consciência de que a realidade atual é pior do que a dos últimos anos", diz. 

Devido ao que chama de "onda de negativismo", a empresária acredita que até quem tenha dinheiro para custear reformas esteja inibido em gastar. Porém, Luciney conta que o faturamento está estável em relação ao ano passado, mas os custos aumentaram e o faturamento, não. "Não conseguimos repassar toda a alta, temos de investir mais em propaganda, com impostos e não vamos conseguir crescer. Se a empresa se mantiver, será uma vitória." 

Por outro lado, a Leroy Merlin alcançou crescimento de dois dígitos neste ano em relação a 2014 na cidade. Gerente comercial da loja, João Baraúna afirma que a empresa buscou criar mais festivais temáticos, como o de jardinagem e o de bricolagem, e promoções entre esses eventos para atrair clientes. "Fizemos ofertas com preços agressivos e também trouxemos atrações que são externas à loja, como a feira de adoção de animais e apresentações de uma banda marcial, que atraíram um público diferente", conta. 

Para Baraúna, o cliente não parou de comprar. "O público que tem dinheiro não deixou de acreditar que construir é um bom investimento e quem havia começado uma construção vai terminar", completa. 
 





Fonte: Folha de Londrina, 30 de novembro de 2015fetraconspar.org.br