Casas feitas com chapas de compósitos reforçados com fibra de vidro serão usadas para abrigar refugiados sírios em Bremen.

A MVC, empresa que atua no desenvolvimento de produtos e soluções em plásticos de engenharia, com sede em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, começou a exportar casas pré-fabricadas que serão utilizadas para abrigar refugiados da Síria na cidade de Bremen, na Alemanha. No dia 16 de novembro foi embarcada, no Aeroporto Afonso Pena, a primeira casa. O imóvel tem 61 metros quadrados e dois quartos. 

Em um primeiro momento, foram encomendadas 40 casas por um consórcio formado por quatro empresas alemãs, que viu na situação dos refugiados uma oportunidade de importar e revender o produto para empresas interessadas em doar moradias ou para os governos locais. Esse primeiro lote de casas tem entrega prevista até o final de fevereiro de 2016. 

O diretor geral da empresa, Gilmar Lima, contou que a MVC participa todos os anos da feira JEC, em Paris, específica deste setor, e foi premiada neste evento com o sistema construtivo. Ele lembrou que um executivo de uma grande empresa visitou a feira e apresentou a MVC para o consórcio alemão. 

Segundo ele, a previsão é comercializar no próximo ano 1,2 mil casas, o que deve render uma receita de R$ 65 milhões para a MVC. Cada kit pré-fabricado custa US$ 14 mil. A ideia, agora, é levar este produto para países como França, Áustria, Hungria e Turquia. 

De acordo com Lima, a empresa desenvolve este tipo de projeto há 12 anos e já exportou para África, em países como Angola e Moçambique, além do Paraguai, Uruguai e Venezuela. Na África, já foram construídos mais de 50 mil metros quadrados em projetos como escolas, casas e até agências bancárias. 

No entanto, em função das temperaturas baixas do inverno europeu, o projeto teve que sofrer adaptações, entre elas, utilizar um telhado mais reforçado para aguentar o peso da neve e suportar as temperaturas abaixo de zero. Segundo Lima, a Alemanha já está pensando até em comprar casas deste material para o próprio povo alemão. A casa não tem desperdícios comuns na construção civil convencional nem entulhos. 

A estrutura da residência é feita com chapas de compósitos reforçados com fibra de vidro. A parede recebe uma espécie de "recheio", com uma camada de gesso rígido - que resiste ao fogo e traz isolamento acústico - e outra camada de um tipo de isopor (poliuretano expandido) que faz isolamento térmico e acústico. Os compósitos dispensam o uso de estrutura metálica. A casa tem vidros duplos que trazem conforto térmico e acústico. 

Do Brasil saem as peças principais como paredes e as estruturas hidráulica e elétrica. Na Alemanha é realizado o trabalho de fundação, com mão de obra local, que será treinada por uma equipe de brasileiros. As indústrias alemãs também vão fornecer portas e janelas e esquadrias. A casa finalizada custa US$ 25 mil, não necessita de pintura, que pode ser feita só por questão estética, e demora 15 dias para ser montada. 

Para o mercado interno, a empresa já produziu casas, escolas, creches, postos de saúde e agências bancárias nos estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Pernambuco, Sergipe e Maranhão. Dentro do Programa Minha Casa Minha Vida, a empresa já construiu cem casas no Pará, 436 em Japeri (RS), 150 em Igrejinha (RS) e 40 em Caxias do Sul (RS) entre 2010 e 2013. No Brasil, no total já são 250 metros quadrados de área construída. 

Outro negócio internacional que a empresa inicia no próximo ano é a exportação de casas para a Argentina, principalmente para Buenos Aires e Bariloche para criação de imóveis de alto padrão.

 


Fonte: Folha de Londrina, 23 de novebro de 2015fetraconspar.org.br