Em audiência pública realizada pela Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, debatedores falaram sobre as diferenças entre o trabalho competitivo e o trabalho apoiado
O convidado, o sociólogo e professor da Universidade do Minho, em Portugal, Carlos Veiga, iniciou sua exposição com uma reação muito comum quando uma empresa recebe a proposta de empregar alguém com deficiência intelectual.
“É para empregar uma pessoa com deficiência intelectual? Ah, é o maluquinho? Não será possível, aqui já temos problemas de sobra com os 'normais'”. Segundo o professor, que é especialista em trabalho apoiado, “essa dificuldade pode, de fato, ser removida com apoio ao empregador, que deve começar uma preparação prévia com chefias e colegas de trabalho, e avançar com apoio técnico e financeiro”.
Carlos Veiga explicou que trabalho apoiado não significa colocar as pessoas com deficiência intelectual em uma redoma de proteção. Apesar de dispor de prerrogativas e apoios que permitem que a pessoa com deficiência faça o seu trabalho, a ideia é fazer com que ela esteja no meio dos outros. O professor apontou o trabalho conjunto como o caminho para apoiar as pessoas com deficiência intelectual.
“O governo ou as entidades de pessoas com deficiência precisam do apoio da comunidade, do grupo de trabalhadores que irá receber o empregado com deficiência. Já as empresas precisam se sentir seguras de que empregar essa pessoa não será um problema, que as empresas irão receber apoio técnico e financeiro”, disse.
Legislação Brasileira
O deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG), autor do requerimento para a audiência, explicou que a Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/15), que entrará em vigor em janeiro de 2016, já prevê o trabalho apoiado. No entanto, ele afirma que o grande desafio é mudar preconceitos que excluem as pessoas com deficiência intelectual.
“Nunca as funções que existem são apropriadas ao deficiente intelectual, em uma visão, às vezes, preconceituosa. Mas já existem pessoas tentando fazer com que o trabalho apoiado seja uma alternativa para as empresas brasileiras”, ressaltou o deputado, afirmando que esse tema precisa ser aprofundado.
Fonte: Agência Câmara, 30 de outubro de 2015; fetraconspar.org.br