De 2004 para cá, o crescimento do mercado de trabalho ocorreu em cima da ociosidade, destacou o economista Douglas Uemura, da LCA Consultores. Hoje, com uma taxa de desemprego relativamente baixa e uma dinâmica de emprego mais apertada, ele afirma que a economia vai depender cada vez mais da ampliação da capacidade. "Tem por onde crescer. Mas cada vez mais o crescimento vai depender de produtividade", afirma. Ele ressalta, porém, que não basta investir em educação. "É preciso também avaliar a qualidade."
A resolução do problema não é fácil. Segundo Camargo, alguns países tentam abreviar o caminho com a oferta de cursos técnicos de curta duração, mas o retorno é pequeno. "Não conheço solução de curto prazo. É preciso haver enorme aumento do investimento no ensino público, principalmente na pré-escola e no ensino fundamental. Hoje, os investimentos são muito focados no ensino superior", afirma Camargo. "É preciso concentrar investimentos para evitar que, no futuro, a pessoa chegue à idade adulta com tão baixa qualificação."
Para o economista-chefe da Opus, o Brasil nunca criou uma liderança política que tivesse como prioridade os investimentos em educação. "É um problema histórico, difícil de resolver. A culpa não é só dos atuais governantes."
O perfil das pessoas ocupadas é um retrato da própria situação educacional do País. Entre as pessoas em idade de trabalhar (a partir dos 14 anos), 31,6% não têm o ensino fundamental completo, e outras 9,4% não têm nenhum nível de formação. Entre os que têm nível superior completo, o porcentual chega a 10,7%. Segundo o IBGE, os dados mostram que o nível de formação da mão de obra brasileira ainda é superior à média geral, pois a proporção dos que têm ensino superior e estão ocupados é maior. "O mercado de trabalho é exigente", afirma Azeredo. "Quanto mais escolarizada a pessoa, mais oportunidades ela vai ter."
O coordenador do IBGE ainda afirma que os dados devem seguir a tendência de melhora, na medida em que a população idosa de hoje sair da força de trabalho. "Há uma parcela idosa que não estudou na idade adequada. E, para o posto atual, ela não sente a necessidade de estudar. Então, alguns recuperaram isso, mas outros não", explica.
Fonte: Folha de Londrina, 23 de janeiro de 2014; fetraconspar.org.br