Com o título "FMI reduz crescimento para a América Latina", o jornal espanhol El País destaca nesta quarta-feira (22/1) que o crescimento da América Latina deve acelerar nos próximos dois anos, embora não tanto quanto o esperado. Isso porque o Fundo Monetário Internacional cortou um décimo da expansão para 2014, que agora está estimada em 3% para a região, em comparação com 2,6% registrado no ano passado. A projeção seria de uma elevação de 3,3% no próximo ano, mas neste caso o cenário mudou, caindo em dois décimos para baixo.
O cenário, de acordo com o El País, contrasta com uma ligeira elevação na economia global, que agora tem a projeção de alta de 3,7% este ano e 3,9%, em 2015. Isso significa que a América Latina vai crescer abaixo da média. No caso das economias dos países emergentes e em desenvolvimento permanecer em 5,1% em 2014, a alta deve ser de 5,4% no próximo ano.
O economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, disse que ao longo dos próximos dois anos, haverá um crescimento mais elevado no volume de negócios das economias emergentes. Segundo ele, o melhor desempenho será dos países industrializados, que ainda irá beneficiar a América Latina no setor da economia externa. Blanchard previu que o preço das matérias-primas deve entrar num processo de neutralização.
O jornal espanhol destaca que, no caso do Brasil, o FMI espera agora um crescimento de 2,3% este ano, a mesma taxa alcançada no ano passado. Representa uma redução de crescimento de dois décimos. Em 2015, 2,8% seria o esperado, mas neste caso é quatro décimos abaixo do que foi previsto em outubro.
El País avaliou como o quadro deve afetar a região no setor monetário. Como Thomas Helbling disse, tanto o Brasil quanto o México devem ter benefícios com a recuperação do crescimento nos EUA. O FMI melhorou em dois décimos a taxa de expansão em 2014, para 2,8%, contra 1,9% em 2013. Para o próximo ano subiria para 3%, mas neste caso, representa um corte de 4/10.
Blanchard analisa que a retirada dos estímulos da Reserva Federal está causando um efeito nas economias da América Latina. Além disso, ele acredita que com o plano definido do Banco Central dos EUA, não é razoável esperar o fim da liquidez injetada na economia por meio da compra de títulos, pelo menos em curto prazo.
A matéria diz que não está "claro" nas declarações do FMI, que o Fed será um instrumento capaz de resolver "esta massa indesejada de estímulos", no caso das taxas de juros permanecerem baixas por muito tempo. Blanchard advertiu que a recuperação nos países desenvolvidos pode ser afetada pela deflação, se o resultado do crescimento for abaixo do seu potencial.
Fonte: Jornal do Brasil, 23 de janeiro de 2014; fetraconspar.org.br