Alta do índice para a classe já está em 10,37%
A inflação percebida pelas famílias de baixa renda deu uma trégua em agosto, graças à queda nos preços de alimentos. O chamado Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1) subiu 0,06% no mês passado, bem abaixo do resultado de julho (0,68%), informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Só as hortaliças e legumes ficaram 10,76% mais baratas, influenciadas pelos preços de tomate, batata-inglesa e cebola. Mas o economista André Braz, pesquisador da FGV, alerta que a queda ainda é pequena perto da alta de quase 50% nesse grupo de alimentos nos últimos 12 meses.
"Ainda que a dona de casa perceba queda no mês, está longe de ter um alívio ao bolso da baixa renda", afirmou.
Energia elétrica e itens de vestuário também ficaram mais baratos em agosto, segundo a FGV. Por outro lado, passagem de ônibus e artigos de higiene e cuidado pessoal continuaram pressionando os gastos das famílias mais pobres.
Em setembro, o ritmo de alta de preços deve ser mais intenso do que no mês passado, diante de um comportamento menos favorável de alimentos e do reajuste de 15% no valor do botijão de gás - porcentual que pode ficar até maior, caso comerciantes decidam repassar outros custos.
Um fator que pode ajudar, ainda que momentaneamente, é a redução do valor das bandeiras tarifárias, que recaem sobre as contas de luz quando o regime de chuvas ruim leva ao acionamento de térmicas, energia mais cara do que o habitual. "Mas é um impacto pequeno", ponderou o economista.
Num horizonte mais longo, o retrato da inflação ainda assusta a baixa renda. A alta já está em 10,37%, bem acima do avanço de 9,73% sentido pela média dos brasileiros de diversas classes de renda. Isso porque as famílias com ganhos menores têm uma fatia maior do orçamento comprometida com despesas básicas, como transporte, energia elétrica e alimentação - justamente os itens que mais subiram em 2015.
O IPC-C1 capta preços percebidos por famílias com renda mensal entre 1 e 2,5 salários mínimos.
Fonte: Folha de Londrina, 04 de setembro de 2015; fetraconspar.org.br