No mês passado, foram fechadas 12.335 vagas no Estado e 929 em Londrina
O saldo de empregos do mês passado no Paraná foi o pior para julho desde 2007. E também o de Londrina. Segundo o Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Caged), foram admitidos 103.841 trabalhadores e demitidos 116.196 no Estado. O número de vagas fechadas é de 12.355. Todas as principais cidades tiveram saldos negativos. Em Londrina, foram 6.578 contratações e 7.507 demissões - fechamento de 929 vagas. Os números foram divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Não houve saldo positivo de geração de postos de trabalho em nenhum setor. O comércio foi o que mais demitiu em Londrina, apresentando um saldo negativo de 337 empregos. Depois, foram os serviços (-238), a indústria da transformação (-204), e a construção civil (-337). No Paraná, a indústria da transformação foi a principal responsável pelo saldo negativo (-6.991), seguida do comércio (-3.446), da construção civil (-1.428), e dos serviços (-1251).
Mesmo demitindo bem mais que contratando nos últimos quatro meses, o saldo do Paraná ainda é positivo no acumulado do ano devido ao bom desempenho do primeiro trimestre. De janeiro a julho, são 850 contratações a mais que demissões. Também são positivos os resultados acumulados das principais cidades do interior. Londrina mantém a dianteira, com 946 vagas. Depois, vem Cascavel (913), Pato Branco (901) e Maringá (508). Já Ponta Grossa e Curitiba perderam postos de trabalho. Os saldos negativos nas duas cidades foram de 999 e 10.034, respectivamente.
O economista da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Roberto Zurcher, conta que de 23 subsetores da indústria da transformação, só houve saldo de vagas positivo em 18 no mês passado. Um deles é o de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos, com saldo de 382 empregos em julho. "Como não estão comprando novas máquinas, as indústrias têm de investir na manutenção das velhas", justifica.
Ele comparou a produção e as vendas industriais paranaenses de 2015 com a de 2013, último ano em que o setor cresceu no Estado. "Em janeiro deste ano, a produção física estava 21,4% abaixo da de 2013. E, em junho, 14,7% abaixo", conta. A mesma comparação, no caso das vendas industriais, mostra índices de redução de 23,4% e 17,1% respectivamente.
"O último corte que a indústria faz é em emprego, já que é um ativo muito valioso. O trabalhador foi treinado, a empresa investiu na sua capacitação", afirma. Mas chega, de acordo com o economista, o momento em que o setor tem de adequar a mão de obra à demanda. "São 13 meses de crise na indústria do Paraná. As empresas estão sendo obrigadas a fazer ajustes para sobreviver."
Ele acredita que só haverá melhora na economia a partir do segundo semestre de 2016. "As medidas macroeconômicas levam em média 9 meses para surtirem efeitos. O aumento da taxa de juros que foi uma das primeiras já está começando a surtir efeito", afirma. Em função disso, Zurcher acha que nos próximos meses a inflação começa a cair. "Mas há medidas de contenção de gastos públicos que ainda estão sendo discutidas no Congresso", ressalta.
O economista e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fabiano Dalto, acredita que o desemprego possa chegar a 9% em 2016. Hoje, ele está em 7,5% segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). "O governo deixou de fazer uma série de investimentos e, com isso, a iniciativa privada também. Os projetos de infraestrutura recuaram. A renda está caindo e com ela a demanda do consumidor. Esperando que o consumidor vai comprar menos, o empresário também não contrata. É um círculo vicioso", afirma.
Para o professor, os próximos meses talvez não sejam tão ruins devido à proximidade do Natal. Mas, passado o período, a situação volta a piorar até que o governo retome investimentos. "Não há nenhuma perspectiva de melhora no curto prazo, já que o governo vem anunciando novos cortes", declara.
Fonte: Folha de Londrina, 24 de agosto de 2015: fetraconspar.org.br