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O jornalista Luis Nassif acusou o jornal Estado de S. Paulo de manipular informações, em sua manchete de ontem, sobre ações do Itamaraty em países da África, para tentar atingir o ex-presidente Lula; enquanto o jornal relatou que telegramas do governo americano relatariam corrupção entre países, nada disso se extrai dos documentos

O jornalista Luis Nassif acusou o jornal Estado de S. Paulo de manipular informações, em sua manchete de ontem, sobre ações do Itamaraty em países da África, para tentar atingir o ex-presidente Lula. Confira:

Da arte de manipular informações
Por , no jornal GGN

 

Um dos fenômenos menos estudados no século 20 foi o do enorme poder conferido aos grupos de mídia e como dele se prevaleceram negociantes pouco escrupulosos, usando os conceitos de liberdade de imprensa como biombo para suas jogadas.

A melhor descrição desse método "empresarial" na mídia apareceu no Estadão, em uma crítica de Luiz Zanin Oricchio ao livro "Número Zero"  de Umberto Eco (http://goo.gl/gV5ZqV).
 

O livro é uma ficção sobre um jornal montado em 1992 na Itália - no ano em que foi deflagrada a operação mãos limpas, que liquidou com o mundo político italiano, em nome da moralização de costumes, e abriu espaço para que o  parceiro Silvio Berlusconi, magnata da mídia, aparecesse "como salvador de uma Itália falida".
 

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Eco monta um "um sarcástico anticompêndio jornalístico, descrevendo práticas que bem podem servir de carapuça para parte da imprensa contemporânea", diz Oricchio.
 

Algumas das lições:

* Como produzir acusações vagas, e sem provas, de modo que certas pessoas se sintam intimidadas, mas não consigam processar o jornal por difamação. (Ou, como) distorcer a realidade apenas relatando verdades.
 

* Como inserir declarações de testemunhas em meio ao texto, colocando o ponto de vista do jornal na boca do entrevistados.
 

* O uso de teorias da conspiração e da ameaça comunista contra o “mundo livre e cristão”.
 

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Ontem, no mesmo Estadão, o experiente correspondente do jornal em Genebra escreve matéria "EUA monitoram obras da Odebrecht no exterior e apontam sinais de corrupção" (http://goo.gl/x0OjEr). A reportagem se baseia em telegramas do serviço diplomático americano reproduzidos no site Wikileaks.
 

Uma jovem repórter do jornal GGN fez uma leitura cuidadosa dos documentos (http://goo.gl/bbKAxI) e constatou: