O Ministério Público Federal (MPF) do Paraná recebeu entre a noite de domingo, após o resultado das eleições, e o meio-dia de ontem, 101 representações por supostas injúrias e discriminação nas redes sociais contra os nordestinos. Todas chegaram pelo canal de denúncias no portal do órgão e pedem providências contra publicações e comentários, considerados preconceituosos, expostos nos perfis de relacionamento – principalmente Twitter e Facebook – após a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). 

A petista saiu vitoriosa das urnas com um apertado placar: foram 51,6% dos votos válidos contra 48,4% do senador mineiro Aécio Neves (PSDB). Entre os eleitores nordestinos, Dilma teve quase 72% dos votos válidos. 

O coordenador do Movimento Nacional pelos Direitos Humanos no Paraná, Carlos Enrique Santana, espera "resultados efetivos e punição" na apuração do MPF. "É um absurdo o que está acontecendo. A gente sempre recebe denúncias sobre o preconceito que existe no Brasil, onde o nordestino, o negro e o homossexual são considerados de segunda classe." Segundo Santana, "o que precisamos fazer agora é dialogar, como a presidente afirmou no discurso, e não sair desaguando a ira". 

A assessoria de imprensa do MPF informou que as representações serão avaliadas pelos procuradores criminais, que podem abrir investigação contra os autores das postagens. Internautas que compartilham mensagens racistas também podem ser responsabilizados. Para denúncias ao MPF e para saber os endereços das 17 unidades no Paraná, o site é www.prpr.mpf.mp.br. 

Na segunda-feira, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também repudiou a onda de manifestações de discriminação contra nordestinos nas redes sociais após as eleições. A entidade afirmou que "repudia veemente essas manifestações, contrárias ao conceito exposto na Carta Maior da construção de uma sociedade justa, solidária e fraterna". 

"O Brasil é uma nação plural, tolerante e respeitosa. Essas manifestações preconceituosas contra nordestinos advêm de uma minoria e merece ser repudiada pela sociedade brasileira", afirmou o presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho.


Fonte: Folha de Londrina, 29 de outubro de 2014; fetraconspar.org.br