"Mais do mesmo." Isso é o que se pode esperar da Assembleia Legislativa (AL) do Paraná para 2015, na avaliação do cientista político Ricardo Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo ele, a troca de 21 das 54 cadeiras não significa renovação. "É continuidade familiar com novas gerações. Os vícios permanecem", afirmou. O professor criticou, principalmente, a eleição de sete novos "herdeiros" políticos, que irão se somar a outros 12 nomes cujos parentes já são conhecidos da política paranaense. 


A "bancada de filhos" da AL ganhou Tiago Amaral (PSB), filho do conselheiro do Tribunal de Contas (TC) Durval Amaral, Requião Filho (PMDB), filho do senador Roberto Requião (PMDB), Maria Victória (PP), filha da vice-governadora eleita Cida Borghetti (Pros) e do deputado federal eleito Ricardo Barros (PP), Paulo Litro (PSDB), filho da deputada estadual Rose Litro (PSDB) e do ex-deputado Luiz Fernandes da Silva Litro, Felipe Francischini (SD), filho do deputado federal reeleito Fernando Francischini (SD), e Alexandre Guimarães (PSC), filho do prefeito de Campo Largo, Affonso Guimarães (PT). Há ainda Cláudia Pereira (PSC), esposa do prefeito de Foz do Iguaçu, Reni Pereira (PSB). 


Outra questão apontada por Oliveira é a existência de uma quantidade grande do que chama de "parlamentares despachantes", ou seja, que se preocupam mais em inaugurar obras do que em exercer seus mandatos. "O deputado não está lá, com raríssimas exceções, para fiscalizar, fazer proposição ou ter plataforma ideológica. Está para levar recursos para as suas paróquias, para grupos de interesses localizados." 

Em relação à diminuição das bancadas do PT e do PMDB, o que, em tese, confere mais poder ao governador reeleito Beto Richa (PSDB), ele reiterou que, na prática, nos últimos anos já eram poucos os que votavam contra o governo. "Os deputados que fazem oposição de fato são praticamente os mesmos, como o Tadeu Veneri (PT), e agora entra um nome da tradição familiar, mas que também sinaliza intensidade oposicionista, que é o do Requião Filho." 

Apesar da situação aparentemente confortável da base governista, o cientista político analisou que, no próximo pleito, o quadro já pode se alterar. "Política é como nuvem. Cada vez que você olha, está de uma maneira." Ele lembrou do caso de Curitiba. Antes das eleições de 2012, o grupo político de Beto parecia soberano, no entanto, houve um racha interno, que culminou com a saída de Gustavo Fruet, hoje prefeito, do PSDB para o PDT. 

Candidato apoiado pelo Palácio Iguaçu à época, Luciano Ducci (PSB) ficou de fora até mesmo do segundo turno. "Saindo o Beto, muito provavelmente para o Senado, a Cida terá cerca de oito meses e aparecerá como eventual candidata à reeleição, por estar na máquina do governo, ser de uma família poderosa. E tem o Ratinho Jr., campeão de votos (que já disse sonhar em ser governador)." (M.F.R.)

 

 

 

Fonte: Folha de Londrina, 13 de outubro de 2014; fetraconspar.org.br