Sem perspectiva de melhora, país 'espreme o que pode'.
Jornal critica uso do fundo soberano pelo governo.
O jornal britânico 'Financial Times' usou um novo termo para designar o momento econômico que vive o Brasil: "estagno-espremida". A expressão, diz o jornal, foi criada por um leitor que ironizava o uso do termo "estagflação" – que significa uma economia estagnada (sem crescimento) e com inflação em alta.
"É um tipo de estagno-espremida. Com crescimento zero e preços mais altos ao consumidor, espreme-se o máximo de suco das frutas que existem, já que não há perspectivas de colher mais", explica o leitor identificado como "@ often in a state of utter shock".
De acordo com o "FT", o governo brasileiro demostrou a "estagno-espremida" em ação, ao anunciar que irá sacar R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano para cobrir o orçamento do país.
"O governo, nesse caso, falhou em colher cerca de R$ 10,5 bilhões em perdas de arrecadação conforme a economia entrou em recessão", diz o jornal, em seu blog "beyondbrics". "Por conta disso, está espremendo tudo o que pode ao tirar R$ 3,5 bilhões de seu fundo soberano".
O "FT" diz que o governo não comete irregularidade ao recorrer ao fundo, criado em 2008 com o objetivo, entre outros, de mitigar os efeitos dos ciclos econômicos". "Rousseff está certa quando diz que o fundo é para 'dias chuvosos' e, no momento, está chovendo", aponta.
Recorrer ao fundo agora, no entanto, pode estabelecer um "precedente perigoso", diz o jornal. "Rousseff e Guido Mantega, seu ministro da economia, podem culpar a economia global pela crise brasileira, mas quase todo mundo sabe que os problemas do Brasil são em grande parte sua própria culpa".
Fonte: G1, 26 de setembro de 2014; fetraconspar.org.br