Previsões são dos especialistas que participaram ontem do Encontro dos Economistas da Região Sul em Curitiba
O ano de 2015 será de ajustes na economia brasileira. Também é tido como certo o aumento de preços monitorados como o dos combustíveis e da energia elétrica. A inflação deve atingir o teto da meta de 6,5% e com a economia crescendo pouco mais do que neste ano. As previsões também apontam para aumento da taxa de desemprego e um crescimento menor dos empregos formais. A recuperação da economia deve iniciar no segundo semestre do próximo ano, o que deve levar o Produto Interno Bruto (PIB) fechar com crescimento de cerca de 2%, perspectiva um pouco melhor do que as previsões para este ano que apontam para 1%.
As previsões são dos especialistas que participaram ontem do Encontro dos Economistas da Região Sul (Enesul) que iniciou na quinta-feira em Curitiba e termina hoje. De acordo com o presidente do Conselho Regional de Economia do Rio Grande do Sul (Corecon-RS), Leandro Antonio de Lemos, o câmbio também será um grande gargalo em 2015. Ele prevê que os Estados Unidos façam um ajuste cambial e que ocorra aumento de exportações de carnes e commodities para a Rússia.
O economista e professor da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Adriano de Amarante, disse que, neste ano, os investimentos foram segurados com a Copa do Mundo e as incertezas em relação às eleições, além da redução de consumo no mercado interno. Para 2015, segundo ele, o cenário é um pouco melhor com a previsão de aumento das exportações de carnes, investimentos internos e entrada de recursos externos no País, além da redução de incertezas no cenário político. Para ele, o consumo das famílias vai continuar baixo e os juros em ascensão.
O economista e professor da Universidade Federal do Paraná, Marcelo Curado, também acredita que 2015 será de ajustes, com a necessidade da concepção de um novo modelo de crescimento e na alteração do papel do governo no sistema econômico, especialmente na política de administração de preços. Ele prevê que o setor de agronegócio continue com bom desempenho no próximo ano.
Para Amarante, os fatores determinantes do crescimento da economia do País são o investimento externo direto e o aumento da taxa de poupança. Ele disse que a cultura de poupança teve uma melhora a partir do Plano Real, mas ainda há muito para avançar nesta área.
Amarante aponta que o aumento da produtividade do País depende de infraestrutura social - que envolve educação, saúde e segurança – e infraestrutura física, que engloba logística, saneamento e energia elétrica. Para ele, a forma de dobrar a renda per capita do Brasil em 15 anos seria aumentar os recursos em educação, saúde e ampliar os investimentos no Brasil.
O economista Marcelo Curado destacou que atualmente o Brasil chegou em um momento de esgotamento do modelo de crescimento econômico puxado pelo consumo com endividamento das famílias. ‘’Não há mais como investir no modelo de crescimento puxado por consumo’’, disse.
Para ele, entre os principais erros na economia brasileira estão as políticas anticíclicas que estimularam o consumo, as intervenções sistemáticas nos preços monitorados e manter uma equipe econômica no governo desgastada e sem credibilidade.
Fonte: Folha de Londrina, 11 de agosto de 2014; fetraconspar.org.br