Um professor do ensino básico no Brasil ganha em média metade do salário de outros profissionais com a mesma escolaridade, segundo dados de 2012 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É uma realidade combatida pela categoria e apontada pelos educadores como um dos motivos que tornam a carreira no magistério cada vez menos atraente no País. A baixa remuneração também explica índices como o levantado pela Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Segundo o estudo, que ouviu 100 mil professores e diretores escolares em 34 países, somente 12,6% dos professores brasileiros sentem-se valorizados na profissão, percentual bem abaixo da média internacional, que foi de 30,9%. Se ganham pouco, nossos docentes trabalham muito. A pesquisa mostrou que a carga horária no País é de 25 horas de ensino por semana, seis horas a mais do que a média internacional.
"O que nós vimos percebendo é que a escola e os educadores vêm assumindo responsabilidades que não são nossas. Além de ensinar, temos que educar os alunos. A sociedade tem uma visão distorcida de que a escola vai resolver todos os problemas", afirma a professora de História Eliane Candotti, há 21 anos lecionando na rede pública de ensino. "A valorização dos professores deve partir de todos, não só do ambiente escolar. Temos inúmeros exemplos de escolas que conseguiram transformar a própria realidade e a realidade dos alunos devido a uma maior participação dos pais e da comunidade a que ela pertence", concorda a professora de Língua Portuguesa Márcia Batista de Oliveira, 19 anos de rede pública.
FONTE: Folha Web, 08 de julho de 2014; fetraconspar.org.br