"Meu compromisso é o de resgatar a força da nossa economia e recolocar o Brasil nos trilhos", garantiu Temer, apoiado pela direita e pela grande mídia. Diziam que Dilma e as forças progressistas cometeram estelionato eleitoral. Passados dois anos do golpe e prestes a deixar o governo pela mesma porta que entrou, a dos fundos, Temer entra para a história como o presidente mais impopular e marca a sua gestão por impor o ciclo mais baixo crescimento em 100 anos.
A agenda de reformas do PSDB e de Temer, aplicada pelo seu então ministro da Fazenda e hoje candidato à presidência pelo MDB, Henrique Meirelles, além de retirar direitos do trabalhadores, fez a economia retroceder a chamada década perdida, temos que caracterizou os anos de 1980.
A afirmação é de Fernando Montero, economista-chefe da corretora Tullett Prebon, em matéria pública pela Folha d S. Paulo neste domingo (2). Com base em dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) até 2017 e em projeções computadas pelo relatório Focus, do Banco Central, para este e os próximos dois anos, o economista diz que a expansão média anual do PIB (Produto Interno Bruto), entre 2011 e 2020, deverá ser inferior a 1%, levando à estagnação da renda per capita.
Segundo ele, desde o afastamento de Dilma, a fotografia captada é de recessão. “Passados três anos, contas nacionais revisadas, um novo governo, reorientação da política econômica e promessas frustradas de retomadas, temos quase o mesmo gráfico”, diz o economista.
Ainda de acordo com o economista, quando a projeção é feita para a década, incluindo o ano de 2010, período do governo Lula quando o país cresceu robustos 7,5%, o quadro é ainda mais dramático.
“Estamos vivendo um fato inédito na história brasileira, uma catástrofe econômica”, diz David Kupfer, professor de economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
O mundo colorido prometido pelos golpistas com o afastamento de Dilma nem chegou a ficar preto e branco. As reformas apenas atenderam aos interesses de parte da elite. E a Emenda 95, que congelou os investimentos públicos por 20 anos, sequer foi capaz de sinalizar uma recuperação da economia, evidenciando a falência de medidas de austeridade na solução da crise.
"Em 2017, o PIB cresceu apenas 1%. Para 2018, os economistas esperam expansão de 1,47%. Há uma expectativa de aceleração nos próximos dois anos, mas com crescimento anual ainda baixo, próximo a 2,5%", diz um trecho da matéria.
A recuperação dessa política é ainda mais danosa ao país. Segundo o levantamento feito pelo economista, para que o período entre 2011 e 2020 tenha desempenho ligeiramente superior ao da década de 1980, a expansão média nos próximos dois anos precisará ser muito mais vigorosa, na casa de 6%, o que diante dos números atuais parece quase impossível.
Do Portal Vermelho/Fetraconspar, com informações de agências, 3 de setembro de 2018.