Segundo IBGE, essa foi a taxa mais baixa para um mês desde setembro de 2013, quando o IPCA ficou em 0,35%
Uma menor pressão dos alimentos assegurou uma freada da inflação em maio. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês passado em 0,46%, abaixo do 0,67% de abril, de acordo com a pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa foi a taxa mais baixa para um mês desde setembro de 2013, quando a inflação ficou em 0,35%.
Passada a pior fase da estiagem que marcou o verão, os preços dos alimentos cederam, ajudados ainda pelo enfraquecimento do consumo diante do custo elevado da alimentação e de uma renda que já mostra sinais de desaceleração. O IPCA acumulado em 12 meses, porém, persiste em patamar alto e ficou em 6,37%. Esta taxa de 12 meses é a mais alta desde junho de 2013, quando bateu os 6,7%. De janeiro a maio, a inflação acumula 3,33%, segundo o IBGE.
O recuo da inflação dos alimentos de maio se deu em função do arrefecimento dos reajustes dos alimentos, que subiram 0,58% em maio, menos do que os 1,19% de abril. A expectativa de taxas mais baixas de inflação em medidas deste ano levou o Banco Central a interromper a trajetória de aumento da taxa de juros, que já cumpriu o papel, no entender do governo, de esfriar a economia e conter reajustes.
Em Curitiba, o IPCA caiu de 0,88% em abril para 0,46% em maio. No ano, acumula alta de 3,53% e nos 12 meses de 6,80%.
O coordenador do curso de Economia da Universidade Positivo, Lucas Dezordi, acredita que a inflação de junho e julho vai vir menor ainda e projeta taxas de 0,30% a 0,40% para estes meses. Ele disse que os alimentos tiveram queda porque a demanda está esfriando e os juros ajudaram a segurar o consumo. Ele acredita que a pressão dos preços dos alimentos virá bem mais comportada nos próximos meses. O dólar em patamar menor também influenciou os alimentos, segundo Dezordi.
Outro grupo que contribuiu para a queda da inflação em maio foi transportes que passou de 0,32% em abril para -0,45% em maio. Os destaques foram a queda de 21,11% nas tarifas aéreas e de 0,67% nos combustíveis, com redução de 2,34% no etanol e de 0,35% na gasolina. O etanol caiu com a safra de cana-de-açúcar e também influenciou a gasolina que tem um percentual de etanol. Dezordi disse que as tarifas aéreas caíram em função do dólar e também porque as vendas de passagens para a Copa do Mundo já diminuíram.
Também contribuiu para a desaceleração do IPCA, a alta mais moderada de habitação que tinha sido 0,87% em abril e ficou em 0,61% em maio. Por outro lado, puxaram a inflação para cima os grupos vestuário (0,84%), sob efeito das novas coleções de inverno, e despesas pessoais (0,80%), grupo que concentra os serviços e pode ter relação com a Copa.
Para 2014, Dezordi projeta uma inflação de 6,3%. No entanto, prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça menos neste ano. Para o economista do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Francisco José Gouveia de Castro, mesmo com a queda da inflação em maio, não há o que comemorar. Ele não descarta a possibilidade de a inflação passar o teto da meta de 6,5% estabelecido pelo governo.